segunda-feira, 19 de outubro de 2009

E lá nos calhou a Bósnia... Serão favas contadas??? Não me parece.

Portugal é sempre favorito porque está numa melhor fase (era expectável) nesta época. Bósnia esteve a uma vitória do Euro-2004
A confusão de conceitos e ideias que vai por aí: que Portugal é favorecido pelo sistema de cabeça-de-série implantado à última hora; que tivemos sorte em ir ao "play-off"; que a perspectiva de apuramento para o Mundial dependeria do adversário; que a "final" não deveria ser na Luz; agora até a Bósnia-Herzegovina parece fácil, certamente.


Saiu a Bósnia para o acesso à África do Sul, jogos a 14 e 18 de Novembro. Parece canja, pelo menos não se presume muito difícil. Mas:
- a Bósnia esteve a uma vitória de jogar o Euro-2004, bastava-lhe vencer a Dinamarca mas o 1-1 em casa nem acesso ao play-off deu, superada pela Noruega que acabaria cilindrada pela Espanha.
- perdeu agora em casa 2-5 com a Espanha, mas apenas 1-0 em Múrcia, e deixou para trás a Turquia (3º no Mundial-2002 e Euro-2008); com a Espanha, rumo ao Mundial-2006, empatou duas vezes 1-1 e a jogar com 10 em Valência só sofreu golo aos 96'...
- Tem alguns dos atacantes mais prolíficos da Europa, brilhantes na Bundesliga, Ibisevic (Hoffenheim) e Dzeko (Wolfsburgo) que o Milan não conseguiu comprar ao Wolfsburgo por 20ME, além de bons médios ofensivos.


O croata (3º no Mundial-98) Miroslav "Ciro" Blazevic, nascido na Bósnia, não parece ter merecido a atenção e mesmo o receio que Trapattoni recolheu nalguns analistas desportivos. Blazevic é, igualmente, uma velha raposa do futebol internacional, mas alguns gostam de falar do que vêem só ao pé da porta e o velho Trap, ex-Benfica, à frente da Rep. Irlanda parecia fazer mais do que a selecção irlandesa para "assustar" Portugal, qual Adamastor.


Misturou-se desconhecimento, proverbial, e maus fígados, congénitos, para "desqualificar" Portugal nesta qualificação. Tivemos sorte pelo 2º lugar, dizem, como se não a teve a Dinamarca em dois jogos frente a Portugal por não ter apanhado o melhor Simão que agora desatou a marcar e foi herói para quem antes não o considerou vilão pelos golos falhados. Os resultados conjugaram-se para "ajudar" Portugal, mas só para aqueles que proclamam "campeões de Inverno" sem o serem e sentenciaram o fracasso do apuramento com metade dos jogos por disputar.


Procuram localizar as falhas no treinador, indiferentes à boa ou má sorte de CR falhar de cabeça a 3 metros da baliza contra a Suécia no Dragão, para uns dias depois acertar na mesma baliza um balázio a 35 metros pelo M. United. Mas como foi frente ao FC Porto, esse golo "do outro mundo" não podia ser lamentado por Pinto da Costa, naturalmente desgostoso e abatido por esses dribles do destino, quando ressaltou essas constatações.


A verdade é que, por infelicidade e múltiplas lesões, com jogadores fora de forma, Portugal fez uma penosa primeira parte da qualificação, com treinador e jogadores novos em jeito demasiadamente libertino para ser aceite pelos velhos do Restelo. Melhorados alguns factores, superado algum azar, era expectável Portugal aparecer mais forte esta época e os resultados estão à vista. Assim o previ em Junho e Portugal, ainda que nem todos os jogadores estejam em grande, está agora a impor-se: seria sempre favorito com qualquer adversário do pay-off.


A estória dos cabeças-de-série só existe na cabecinha de quem não sabe que nenhum sorteio se faz sem os "seeded" e "unseeded teams". Uns chico-espertos até imaginavam Portugal sem pontos para ser dos primeiros. Os pinga-amores por Scolari, confusos com a transparência, honestidade e naturalidade com que Queirós selecciona e dirige a selecção, demonstram bem o âmago do português macambúzio e dependente dos milagres: desconhecem a liberdade, gostam de ser pastoriados e almejam por um ditador.


O facto de recebermos a Bósnia na Luz deve ser encarado naturalmente: como no Euro, é uma "final", procura-se o estádio maior pelo apoio. Num País doentiamente centralista e que vota em consonância, é bem feito. Se uma cidade como o Porto aspira a quebrar o centralismo mas também elege Rui Rio, que fez tudo para não singrar o PPA do qual fazia depender o Dragão, pois tem-se o que se semeia. Seja na Luz, e que Portugal ganhe para beneficiar em Zenica do apoio das tropas lusas ali destacadas pela NATO, como se viu com os espanhóis na semana passada.


Portugal vai jogar o play-off como se fosse uma vergonha por não se qualificar directamente. Isto para aqueles que avançam com campeões antecipados e não acertam um. Toninhos que, mordazes, lembram o 2º lugar na corrida a 2008 "mas esse dava apuramento directo", sendo apenas a diferença de na UEFA os segundos classificados se apurarem directamente e na FIFA não ser assim. Conjecturas e maus fígados de directores de jornais, diga-se, a espelharem a credibilidade que têm e merecem.


Pode-se discutir se o jogador A merece ser titular quando dantes nem se debatia a razão de algum não ser seleccionado? Compreendem-se arrufos por maus jogos ou fraco futebol nos que preferem esquecer vitórias de 1-0 com Arménia a quem foi negado um penálti? ou ganhar 2-1 ao Liechtenstein suscitou dúvidas sobre a capacidade do treinador?


A propósito das bocas de Maradona, ironizei e rematei não desejar que Queirós faça o mesmo e diga o que porventura lhe vai na alma. Porque motivos não lhe faltam. E o "futebol positivo" que apontou e se vê numa equipa de ataque não chega para uns tantos parolos perceberem a diferença para o jogo especulativo que descaractrizou a selecção nos últimos anos.
Não tarda, a conversa vai virar para os resultados conseguidos. E, correndo bem, não sei como certos pacóvios lidarão com a realidade.

PS: Já dizem que, mais fraca que a Eslovénia (desejada por todos) é a Bósnia. O bósnio Pjanic, no Lyon, foi o único a marcar 3 golos num jogo da Champions esta época. Mas é verdade, se Portugal não afasta a Bósnia, não merece ir ao Mundial...

in Portistas de Bancada

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